Os cartazes do PSD com o tema "Ouvimos os portugueses" são uma de duas coisas: a demonstração do vazio político em que se encontra o PSD ou a confissão de que habitualmente os seus procedimentos são tudo menos correctos.
A minha memória reteve três frases: "Prometam só o que podem cumprir" (que pretende justificar o atraso no programa eleitoral e a ausência de propostas concretas), "Façam política com as pessoas" e "Olhem por quem mais precisa".
A primeira hipótese, a de que os cartazes demonstram o vazio político, deve-se ao facto de as frases nada dizerem. As mensagens são absolutamente óbvias e banais, pois podiam ser ditas por qualquer político, de esquerda ou de direita, pois são aspirações gerais.
A questão prende-se em como concretizar essas aspirações gerais, como é que se vai dar resposta a pedidos como "Olhem por quem mais precisa". Isso o PSD omite. Mas Manuela Ferreira Leite já nos esclareceu na sua crónica do Expresso de 11 de Julho, intitulada "Caridade na Verdade", em que elogiando o Papa, fala de "um apelo à humanidade para mudar de caminho, baseado na caridade, na verdade, como forma de atingir metas ao alcance dos homens." Pois bem, o PSD vai olhar para quem mais precisa através da caridade.
A segunda hipótese, a de que o PSD está a confessar que as suas práticas habituais são condenáveis torna-se evidente quando se questiona porque é que essas frases parecem ter algum conteúdo para o PSD: só se antes não faziam as coisas assim.
"Prometam só o que podem cumprir". Porquê? Antes prometiam coisas que sabiam que não cumpririam? "Façam política com as pessoas". Porquê? Antes não o faziam?
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