Não sendo caso único em política comparada, continuamos a interrogar-nos por que razão um País como Portugal, maioritariamente de esquerda, é por vezes governado pela direita. Resposta pronta e muito recordada nestes últimos dias: porque a esquerda em Portugal não se consegue unir.
Defeito da esquerda? Provavelmente será. A esquerda continua com problemas de identidade - sobretudo face à esquerda -, essencialmente porque os valores (a estrutura) são muito mais difíceis de adaptar à mudança do que os tiques e os leitmotivs movediços da verdade (a conjuntura) de alguma direita.
Ser de esquerda hoje deveria implicar assumir ideologicamente os valores da esquerda, sem pôr em causa a natureza capitalista do sistema. Aceitar o papel do conhecimento, da tecnologia, da inovação na chamada ‘nova economia’ (que já leva uns aninhos), mas moldando-a, pondo-a não ao serviço do consumidor, mas do cidadão, e evitando que se torne nova fonte de desigualdades. Desenvolvendo políticas por uma sociedade mais justa e mais equitativa, recusando discursos fatalistas do tipo 'quem me dera a mim ser rica, mas Alguém assim não o quis e como eu não me vou pôr a roubar, também nunca sairei desta minha condição', utilizando o papel do Estado para corrigir essas desigualdades.
E o curioso é que, apesar de ser a direita que leva o discurso fatalista-derrotista, existe uma certa impressão instalada (talvez por culpa de alguma esquerda) de que esquerda é imobilismo, de que com ela não haverá progresso palpável, de que o nosso País nunca sairá dos últimos lugares dos rankings europeus e de lugares medianos nos internacionais. E nós que inventámos a globalização! Nós que já partilhámos o mundo com os Espanhóis! A verdade é que, tanto à esquerda como à direita, Portugal ainda não foi capaz de dar resposta às principais tendências que atravessam hoje a nossa economia e a nossa sociedade.
Defeito da esquerda? Provavelmente será. A esquerda continua com problemas de identidade - sobretudo face à esquerda -, essencialmente porque os valores (a estrutura) são muito mais difíceis de adaptar à mudança do que os tiques e os leitmotivs movediços da verdade (a conjuntura) de alguma direita.
Ser de esquerda hoje deveria implicar assumir ideologicamente os valores da esquerda, sem pôr em causa a natureza capitalista do sistema. Aceitar o papel do conhecimento, da tecnologia, da inovação na chamada ‘nova economia’ (que já leva uns aninhos), mas moldando-a, pondo-a não ao serviço do consumidor, mas do cidadão, e evitando que se torne nova fonte de desigualdades. Desenvolvendo políticas por uma sociedade mais justa e mais equitativa, recusando discursos fatalistas do tipo 'quem me dera a mim ser rica, mas Alguém assim não o quis e como eu não me vou pôr a roubar, também nunca sairei desta minha condição', utilizando o papel do Estado para corrigir essas desigualdades.
E o curioso é que, apesar de ser a direita que leva o discurso fatalista-derrotista, existe uma certa impressão instalada (talvez por culpa de alguma esquerda) de que esquerda é imobilismo, de que com ela não haverá progresso palpável, de que o nosso País nunca sairá dos últimos lugares dos rankings europeus e de lugares medianos nos internacionais. E nós que inventámos a globalização! Nós que já partilhámos o mundo com os Espanhóis! A verdade é que, tanto à esquerda como à direita, Portugal ainda não foi capaz de dar resposta às principais tendências que atravessam hoje a nossa economia e a nossa sociedade.
À direita, adoptou-se o laissez-faire, laissez-passer (ou o rasgue-se, numa versão mais pró-activa), que é sempre útil quando não se quer gastar demasiado tempo a pensar em soluções, nem demasiado dinheiro a corrigir efeitos perversos e criadores de desigualdade. Nunca é de mais recordar que a crise actual é consequência destas atitudes.
À esquerda, critica-se a esquerda que renegou princípios supostamente basilares e a esquerda que aceita o sistema capitalista, descartando qualquer união e pondo assim em risco o Estado-providência.
Lá porque há vozes que não mudam desde os tempos de Argel, isso não deveria impedir os partidos de se adaptarem e responderem às novas realidades.
A escolha ainda é nossa.