terça-feira, 28 de julho de 2009

Em consciência

Porque a política – vivida de forma mais ou menos activa - não é mais do que uma questão de escolhas e de opções, parece-me saudável que se debatam essas escolhas, ideias, programas e alternativas. Por vezes pode até parecer que não há alternativa, mas há sempre diferentes alternativas, opções, caminhos dentro de uma escolha. Já me parece menos saudável que se debatam pessoas ou a ideia que fazemos dessas pessoas. As pessoas interessantes discutem ideias, as outras discutem pessoas.

Para arrumar desde já com problemas de identidade, no dia 27 de Setembro vou votar no Partido Socialista, a menos que me convençam de que essa não é a melhor escolha. Também vou votar no Sócrates, mas acho redutor basear o voto em tigres de papel que ninguém conhece de verdade. Os programas estarão aí, vamos debatê-los e escolher.

A principal razão pela qual não vou votar na Dra. Manuela Ferreira Leite e muito menos no PSD é porque me recuso a ser parte de mais um retrocesso social, económico, político e moral para Portugal. Seria renunciar aos avanços societais conseguidos nestes últimos anos.

E custa-me que haja tanta gente da minha geração a defender Manuela Ferreira Leite. A senhora até diz de si própria que parece uma bruxa, mas não deverá precisar assim tanto de anjinhos da guarda, ou precisa?

Custa-me que a minha geração, que sofreu na pele, primeiro na Educação e depois nas Finanças, a ditadura de quem até gostava de chegar aos calcanhares da verdadeira dama-de-ferro, a defenda assim. Custa-me que aqueles a quem chamaram geração rasca porque tinham e expressavam opiniões, porque ousavam mostrar o rabo a Ministros, se tenham tornado tão seguidistas.

Que sigam então pelo caminho mais fácil. Já está tudo pronto, é só aplicar a receita que a senhora já tem - e de longa data; entretanto, convenhamos, aconteceram umas coisinhas piquenas no mundo. Ninguém lhes pede opiniões ou que pensem. Não, basta o puro seguidismo da direita em torno do líder, e, claro, alguma capacidade de escrever uns textos de desagravo e resistência para saltar em noites de eleições. Sem censura; porque sem capacidade crítica. Porque o modelo, reproduzido ad nauseam, geração após geração, é esse. Só os mais bem-aventurados, de preferência de boas famílias, têm direito de opinião. Dá muito trabalho ter opinião. O verdadeiro dirigismo, a crença cega no establishment não está no PS, está no PSD. Ainda bem que eles vão à Universidade de Verão empinar a matéria.

Resumindo, todos nós teríamos muito a dizer sobre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates. Para aqueles que quiserem discutir mais do que as rugas da Manela ou as birras do Zé, aqui fica este espaço aberto.

A escolha ainda é nossa.

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