quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O comentário desportivo de Cavaco

Não vejo programas televisivos em que se discute sobre futebol, mas quando por lá passo a meio do zapping vejo sempre as mesmas posturas: quando a bola bate na mão de um jogador da minha equipa é sempre "bola na mão", mas se for da equipa adversária é de certeza "mão na bola".

Cavaco disse-nos isso mesmo.

Segundo ele, não há problema nenhum em que um cidadão, que por acaso é membro da Casa Civil da Presidência da República, manifeste as suas preocupações pessoais a um jornalista, mesmo que se a propósito de uma suposta vigilância do Governo à Presidência. Eram só as legítimas preocupações de um cidadão. Foi "bola na mão".

Mas existirem dois deputados do PS a exigirem que o presidente esclarecesse se havia assessores seus a participar na elaboração do programa eleitoral do PSD, tal como tinha sido noticiado na comunicação social e replicado no site do PSD, isso sim é muito grave. Para Cavaco, foi "mão na bola".

Sei que é muito difícil para um comentador desportivo distanciar-se do seu afecto clubístico. E, como é sabido, os afectos interferem na percepção e no juízo. Será com esta visão que poderemos condescender com Cavaco. Mas não é isso que esperamos de um Presidente da República.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um novo dia para a esquerda portuguesa?

A esquerda ficou com 127 deputados, a direita com 99. A esquerda parlamentar teve 54,4% dos votos, a direita 39,6%.

A preferência dos eleitores é clara, querem que a esquerda governe. Mas será que os três partidos se conseguem entender para viabilizar um governo de esquerda?

No discurso de vitória, Francisco Louçã disse que começava um novo dia para a esquerda portuguesa. Presumo que sabe que isso só acontecerá se a esquerda à esquerda do PS aceitar responsabilidades ao nível governativo, o que não acontece desde os governos provisórios do pós-25 de Abril. É que todas as outras soluções já não são novidade - o PS aliar-se ao CDS, ao PSD ou gerir um governo minoritário com acordos pontuais à direita e à esquerda.

Bem vistas as coisas, talvez não seja um novo dia para a esquerda portuguesa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cavaco já falou

Pacheco Pereira tem meia razão: Cavaco tem de falar. Mas só tem meia, porque Cavaco já falou.

Primeiro, ainda em Agosto, falou quando se manteve calado, não desmentindo as suspeitas de que a Presidência estaria a ser vigiada. Não desmentindo, confirmou.

Depois, disse que depois das eleições iria pedir esclarecimentos sobre questões de "segurança". Todos o percebemos o que dizia. Portanto, falou.

Falou apenas o suficiente para manter a suspeição, não para a esclarecer. E, soubemos entretanto, esta suspeição que não quis esclarecer e que preferiu alimentar teve origem na própria Presidência.

Então, do que é que Cavaco ainda não falou? Das suas motivações.

Terá sido por se achar mesmo vigiado? Mas nesse caso não faria mais sentido exigir uma investigação (aos militares sob sua alçada, por exemplo) do que tentar plantar uma notícia sobre o assunto?

Terá sido para fragilizar o governo? Não sei, mas a forma como agiu parece indicar nesse sentido.

Fico à espera de que fale. Se não falar, esperarei que se demita.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O jornalismo é feito para informar?

Já estou farto de tanta desinformação. Surge uma notícia num dia e durante os dois ou três seguintes faz-se campanha em torno disso. Mais tarde vimos a saber que a notícia era falsa.

Agora é esta:
"A proposta para o congelamento da nota de "Muito Bom" ao Juiz Rui Teixeira foi da autoria de Laborinho Lúcio, elemento indicado pelo Presidente da República e que chegou a ser ministro da Justiça e não dos três elementos indicados pelo PS como aventado numa primeira fase. O caso foi mesmo usado pelo PSD para acusar o PS de perseguir juízes que prendem membros do PS." (RTP.pt)

Mas não serão os jornalistas responsáveis pelas notícias que publicam? Porque é que publicaram a notícia (e a repetiram sucessivamente) sem confirmar os factos? Ainda por cima, pelo que se sabe agora, a suspensão da nota foi feita de acordo com o definido na lei e não por qualquer perseguição política.

É verdade que depois os casos vão sendo esclarecidos, mas fica sempre a suspeição. E, entretanto, serviram para influenciar os resultados eleitorais e denegrir a imagem de alguém. Para mim, quem fica com a imagem denegrida são os jornalistas que se prestam a estes fretes (porque é evidente que as notícias falsas não são inocentes) e os políticos que as aproveitam para fazer campanha contra os adversários.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Alterações climáticas

Enquanto no Ártico se abre a nova rota do nordeste, em Portugal começam a notar-se também com maior violência as consequências das alterações climáticas. É o degelo. As pontas dos icebergues derretem, deixando à vista de todos o que durante muitos anos esteve submerso em águas lamacentas.
O Director do Público nunca procurou esconder o seu fervor neo-conservador em tempos de guerra, nem abandonou o espírito messiânico quando, em clima de paz, desmontava tudo o que o Governo apresentava. Ficam-lhe mal as suspeitas que levanta no editorial de hoje contra o Presidente da República, como se de repente pudesse chamar a si uma qualquer vox populi. Não houve cá 'das duas uma' quando se tratou de publicar o 'caso' em Agosto. Não imagino quem ainda possa estar interessado nos seus factos, questões ou hipóteses.
O que o Director do Público parece não compreender - e o seu editorial de hoje não é mais do que prova disso - é que investigação faz a polícia e moral a igreja. Aos jornalistas cabe INFORMAR. Ultimamente temos tido pouca informação, menos ainda informação com rigor e bom senso.
Só lhe resta mesmo fugir para Bruxelas onde, à sombra de Barroso - sabiamente convertido ao partido da Europa -, poderá começar o reagrupamento familiar.
Não voltem.

À distância de um evangelho

O watergate à portuguesa vem mostrar que Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite estão separados por um evangelho.

Enquanto Manuela Ferreira Leite se inspira no Novo Testamento, seguindo de forma dedicada o seu messias (que lhe deu o fantástico argumento da asfixia democrática), Cavaco é mais leitor do Antigo Testamento. Ao sacrificar o seu fiel Lima, nada mais dizendo sobre o assunto, Cavaco elegeu Lima como o seu bode expiatório que, como no Levítico, com o seu sacrifício limpava os pecados humanos.

Nota: não é por acaso que neste texto nunca uso a expressão "Presidente da República". Recuso-me a aceitar que este episódio tenha sido obra do "Presidente". Quando muito poderá ter sido o Cavaco, que um "Presidente da República" não comete indignidades.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Da mediocracia na Europa

O casamento mais do que anunciado entre media e políticos mediocres traz com ele este novo regime que a pouco e pouco se vai instalando em Portugal: a mediocracia.
Que tudo isto aconteça em período de campanha eleitoral não podia ser mais lamentável. Triste, diria mesmo. A escolha já não era tão fácil para os eleitores como porventura o foi no passado. A crise financeira e económica cada vez cheira mais a social. E quando o que era preciso era concentração e reflexão em torno de projectos de sociedade, o burburinho aumenta até se tornar ensurdecedor.
Parece-me a mim que chegou a vez da geração pós-25 de Abril. É a hora!

domingo, 20 de setembro de 2009

Da riqueza

Bem sei que estamos em período de eleições e que o curto prazo leva a melhor sobre o longo prazo, mas nada impede que haja debates paralelos na sociedade portuguesa.
Neste momento, sinto a falta de dois.
Um deles prende-se com a reforma do sistema financeiro internacional, e bem se pode dar o caso das colinas de Pittsburgh parirem muitos ratos. A questão dos bónus na grande finança pode ser emblemática, mas recordo-mo que no pico da crise se prometeram grandes mudanças no sistema financeiro internacional. Aumentou-se exponencialmente o orçamento do FMI, mas não se mudaram as regras. Será que a recuperação económica não vai fazer com que se esqueça essa bandeira?
O outro tem que ver com a medição da riqueza e não vejo por que não nos deveria interessar. A Comissão Stiglitz-Sen-Fitoussi entregou o seu relatório (http://www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/en/index.htm) a semana passada. Seremos nós mais felizes por ter um PIB per capita maior do que o vizinho? Mais do que uma simples questão de medição da riqueza, está em causa a sociedade em que vivemos e aquela em que gostaríamos de viver.
Estes dois debates encerram em si a potencial marca que a nossa geração poderia deixar às vindouras. Ainda vamos a tempo de fazer parte da evolução.

sábado, 19 de setembro de 2009

Ingénua, eu?

Nota prévia: para uma total compreensão do texto que se segue, aconselha-se a leitura da saga Millenium (também serve ter visto o filme).

Ora até que enfim que o grande jornalista Luciano Alvarez, inimputável defensor da moral pública e pregador de costumes tão nobres como não fumar em aviões fretados, se mostra a nós sob uma outra luz.
Em primeiro lugar, há a lamentar as calinadas graves na língua portuguesa tais como 'conseguir-mos' ou 'pudemos falar'. Depois, o facto de, não podendo falar pelo telefone por temer escutas, este profissional do jornalismo pôr por escrito matéria deste teor. Sim, que tal como Ségolène Royal defendia que cada mulher que voltasse tarde do trabalho para casa fosse acompanhada por um polícia, também o Estado português disponibiliza um controleiro para cada cidadão com idade para usar o telemóvel.
Só estes dois simples exemplos, conhecendo-se o prestígio jornalístico da pessoa em causa, já nos deviam suscitar dúvidas sobre a veracidade do dito e-mail. Mas vindo o director do jornal insinuar que a correspondência interna do jornal tinha sido violada, quiçá se pelos serviços secretos, controlados pelo Primeiro Ministro, tudo nos leva a acreditar que houve correspondência, que afinal terá sido manipulada. Enfim, um enredo digno de uma telenovela venezuelana...
Acho, sinceramente, que, com campanha ou sem campanha, o Senhor Presidente da República nos deve uma explicação. Ou seremos todos ingénuos?
Por isso lhe deixo aqui um apelo para que fale, explique, prove. Senão, passarei a ir para a cama sempre com a sensação de que, enquanto durmo, o SIS, qual Lisbeth Salander, me está a entrar pelo computador dentro e a copiar o disco duro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Portugal num relance

A Revista Visão de hoje traz um interessante dossier que pretende fazer um retrato-síntese da situação de Portugal em diversas áreas, como a educação, a saúde ou a ciência. Trata-se de uma leitura interessante, que nos permite ficar com uma ideia geral acerca da situação do país em algumas das áreas mais importantes.

Ficamos assim a saber que, apesar de em alguns campos estarmos bastante mal (por exemplo, os portugueses estão cada vez mais endividados), há outras em que se têm registado excelentes progressos, destacando-se as áreas sociais e a saúde.

Mas no melhor pano cai a nódoa.

No capítulo dedicado à administração pública surge um título: Públicos e bem pagos. Aí refere-se, em destaque, que os funcionários públicos auferem um ordenado médio 73% superior ao do resto da população (dados de 2005). Esta informação parece um bom argumento para sustentar a ideia de que os funcionários públicos são uns priveligiados. Não digo que o sejam ou não (provavelmente sim em algumas coisas e não noutras). O que digo é que estes dados não contribuem para essa análise, pois comparam universos com formações académicas muito diferentes, dado essencial quando se comparam remunerações.

É que no mesmo dossier, uns quadros mais à frente, vemos que 49% dos funcionários públicos tinham em 2005 formação superior. E uns quadros mais atrás podemos ler que em 2007 só 12% dos portugueses tinham curso superior.

Uma análise esclarecedora compararia os salários para cada nível de escolaridade. Apresentar os dados sem essa análise e fazer títulos como os apresentados serve mais para desinformar do que para esclarecer.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ouvi dizer que...

Infelizmente, e à semelhança do que aconteceu nas eleições europeias, voltámos à política personalista e do ataque pessoal, esquecendo-nos do objecto e do objectivo do voto.
Na pré-campanha para as legislativas, os dois principais partidos apostam acima de tudo nos seus líderes, com o PSD numa estratégia clara de ataque, tanto na frente externa como interna.
O PS, demasiado dependente da figura do líder, imparável e imbatível em campanha, torna-se um alvo fácil, com as infidáveis tentativas de criar um clima de suspeição em torno de José Sócrates. Suspeição sem provas cabais, que não ata nem desata, suspeição que paira, suspeição rumorosa, lembrando Santana Lopes e os colos de 2005. Não há rumores mais maléficos para um político do que os que dizem respeito à sua vida privada, ao enriquecimento à custa do Estado ou, em tempos de liberdade e democracia, a derivas autoritárias e controladoras. 'Não é pessoa séria', clama o povo, como se isso atestasse a sua própria seriedade e não uma invejazinha velada. A verdade é que toda esta suspeição não faz mais que limitar a parte racional da escolha, do voto, limitando assim a própria democracia.
Por isso a campanha personalista serve sobretudo o PSD, que não tem mais propostas para apresentar aos eleitores para além do já conhecido suspender, rasgar, congelar. Mas serve-o também porque muitos dentro do PSD aplicam esses mesmos verbos a Manuela Ferreira Leite, assistindo paulatinamente à desgraça da sua líder, imparável e incontrolável quando não está entre quatro paredes, agarrada a um discurso decorado frente ao espelho que pertencera à bisavó.
Já era altura de se discutirem projectos para Portugal, ou o objectivo é continuar a discutir quem é mais sério, mais humilde ou mais sexy?

"Fuck them", senhor presidente do Governo Regional da Madeira?

Os portugueses costumam olhar para Alberto João Jardim com uma tolerância especial. É habitual dizer "ele é mesmo doido", mas encolher os ombros perante os disparates que diz. Desta vez, como de outras, foi longe demais.

Tendo mandado foder (porque o seu mau inglês não retira significado às palavras que proferiu) todos aqueles que se preocupam ou criticam o facto de Manuela Ferreira Leite ter usado meios do estado (um carro do Governo Regional) para fazer campanha eleitoral, agora insultou-me a mim. E isso eu não aceito. Como não sou mal educado como esse senhor não o mandarei também foder.

Presumo que a maioria dos portugueses, incluindo o Presidente da República (que se costuma preocupar com o uso indevido dos bens públicos), também não o mandarão foder. Mas sentir-se-ão insultados.

Manuela Ferreira Leite tem agora a oportunidade de demostrar que tem coluna vertebral, que o seu discurso sobre a seriedade na política tem algum significado para ela. Mas parece que nada fará.

Há alguns meses eu acreditava que essa postura era autêntica, que Manuela Ferreira Leite era uma mulher com um verdadeiro sentido de seriedade e verticalidade política, mas concluo agora que essa imagem que muitos tínhamos dela era sobretudo por não a conhecermos bem. É que todos sabíamos quem era, mas na verdade só conhecíamos aquilo que dela diziam, não ela própria.

Na campanha teve de se expor, dando-se a conhecer directamente, sem intermediação. E o resultado é francamente decepcionante. Prega a Verdade (assim, com maiúscula) e moralização da vida política, mas afinal tem um comportamento político absolutamente condenável.

Da classificação da Madeira como "bastião da democracia" onde não há "asfixia democrática" (ao contrário do que afirma existir no continente) à inclusão de António Preto nas listas de deputados, Manuela Ferreira Leite tem mostrado prosseguir valores bem distintos daqueles que professa.

Tendo baseado a sua campanha na Política de Verdade, quando esta cai por terra, sobeja muito pouco.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bússola eleitoral

Aqui fica uma ferramenta útil para cada um poder fazer uma análise do seu perfil político, a partir da resposta a uma série de questões que são colocadas neste site.

Para aceder à bussola eleitoral clique aqui

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O dilema da esquerda

(Artigo de opinião publicado por HB no Diários de Notícias, em 29 de Agosto de 2009)

As esquerdas têm muito que as divide, mas têm em comum o mais importante: os valores fundamentais.
A ideia de que existe uma responsabilidade colectiva dos cidadãos, da sociedade, perante os restantes cidadãos é o ponto fulcral desses valores. E é também a linha divisória que distingue a direita e a esquerda.
É isso que faz com que a esquerda defenda o Estado social, que é, afinal, a forma de colectivamente nos responsabilizarmos pelo destino de todos, concretizando assim o princípio da solidariedade.
Por não partilhar deste valor, Manuela Ferreira Leite defendia há dias, na sua crónica no Expresso, que o que deve existir é mais caridade na sociedade. A caridade é um acto de generosidade (e muitas vezes não passa de um acto de alívio da consciência), não de responsabilidade.
A distinção não é apenas terminológica: solidariedade versus caridade. É profundamente ideológica, mas com claras consequências práticas, condicionando a forma como se olha para os mais desafortunados: como pessoas que têm direito a receber apoios sociais ou como pessoas a quem se faz a “bondade” de atribuir esses apoios.
Apesar de frequentemente o Bloco de Esquerda e o PCP acusarem o PS de fazer uma política de direita, a verdade é que reconhecem que todos pertencem ao mesmo campo ideológico, pois partilham os valores fundamentais.
Isto deveria tornar mais fácil a construção de entendimentos entre eles e é incompreensível que por vezes não consigam chegar a soluções de compromisso em que todos cedam um pouco.
O exemplo da Câmara de Lisboa, que Santana Lopes pode ganhar, é paradigmático. Mas as eleições legislativas serão o verdadeiro teste à capacidade da esquerda para se unir pelo bem comum.
Todas as pessoas de esquerda, mesmo aquelas que estão insatisfeitas com o PS, querem que este vença as legislativas. Umas querem que forme governo sozinho, outras preferem que faça acordos com os partidos à sua esquerda, mas todas querem que ganhe.
Porém, como constatámos nas eleições europeias e pelo que dizem as sondagens que têm sido publicadas, pode ser que isso não aconteça.
A maioria dos portugueses olha para estes dados com incredulidade: nem lhes passa pela cabeça que o PSD, fraco como está, possa ganhar.
Só que o PSD não precisa de conquistar muitos votos, basta-lhe conseguir mobilizar o seu eleitorado fiel. A convicção generalizada de que não ganhará encarregar-se-á de fazer o resto, levando a que muitas pessoas que poderiam votar no PS (o que fariam se achassem que o que estava em causa era ganhar o PS ou o PSD) votem no BE ou na CDU, com a ideia de que isso irá empurrar o PS para a esquerda.
Sabendo que bastará que o PSD tenha mais um voto do que o PS para Cavaco Silva convidar Manuela Ferreira Leite a formar governo, muitos eleitores de esquerda sentem estar perante um dilema: gostariam de votar à esquerda do PS para mostrar a este o caminho que deve seguir, mas se o fizerem há o risco de o governo ser de direita. Um governo PSD-CDS que, com o beneplácito do Presidente da República, reduzirá o papel do Estado social à perspectiva de caridade em que Manuela Ferreira Leite se inspira.
Será um dilema difícil de resolver para muitos, mas é fundamental que o seja em plena consciência das consequências de cada uma das opções, pois o que está em jogo é demasiado importante para permitir leviandades.