terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ouvi dizer que...

Infelizmente, e à semelhança do que aconteceu nas eleições europeias, voltámos à política personalista e do ataque pessoal, esquecendo-nos do objecto e do objectivo do voto.
Na pré-campanha para as legislativas, os dois principais partidos apostam acima de tudo nos seus líderes, com o PSD numa estratégia clara de ataque, tanto na frente externa como interna.
O PS, demasiado dependente da figura do líder, imparável e imbatível em campanha, torna-se um alvo fácil, com as infidáveis tentativas de criar um clima de suspeição em torno de José Sócrates. Suspeição sem provas cabais, que não ata nem desata, suspeição que paira, suspeição rumorosa, lembrando Santana Lopes e os colos de 2005. Não há rumores mais maléficos para um político do que os que dizem respeito à sua vida privada, ao enriquecimento à custa do Estado ou, em tempos de liberdade e democracia, a derivas autoritárias e controladoras. 'Não é pessoa séria', clama o povo, como se isso atestasse a sua própria seriedade e não uma invejazinha velada. A verdade é que toda esta suspeição não faz mais que limitar a parte racional da escolha, do voto, limitando assim a própria democracia.
Por isso a campanha personalista serve sobretudo o PSD, que não tem mais propostas para apresentar aos eleitores para além do já conhecido suspender, rasgar, congelar. Mas serve-o também porque muitos dentro do PSD aplicam esses mesmos verbos a Manuela Ferreira Leite, assistindo paulatinamente à desgraça da sua líder, imparável e incontrolável quando não está entre quatro paredes, agarrada a um discurso decorado frente ao espelho que pertencera à bisavó.
Já era altura de se discutirem projectos para Portugal, ou o objectivo é continuar a discutir quem é mais sério, mais humilde ou mais sexy?

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